quinta-feira, 10 de março de 2022

O porquê de "O Labirinto das Sereias"


Qual o maior dilema quando se trata de escolher um nome, para qualquer coisa que seja? 

 


Bem, acredito que além de ser um nome único, também tem de ser algo com significado, sendo assim, aproveitando a referência do nome do blog, venho aqui com a minha primeira resenha literária do livro “O Grande Labirinto”.


 



Do autor Fernando Savater, escritor e filósofo espanhol, catedrático de Ética na Universidade do País Basco, “O Grande Labirinto” foi a sua primeira obra de fantasia, escrita para alcançar um público mais jovem e cativa-lo com suas visões filosóficas.

 

“O que é que define o ser humano? Não são os instintos ou nossa dotação genética, tão semelhantes aos dos outros animais, mas sim nossa capacidade de decidir e de criar ações que transformam a realidade... e a nós mesmos. Essa disposição, chamada liberdade, é nossa condenação e também o fundamento do que consideramos nossa dignidade racional. Em suas origens gregas, o termo não se referia a nenhuma condição metafísica oposta ao determinismo natural, apenas designava a situação social de quem não era escravo e, portanto, podia mover-se ou agir segundo sua vontade, sem obedecer a um amo: ou seja, que desfrutava da possibilidade de escolher.



 

Em “O Grande Labirinto" o autor nos leva para uma premissa inicial um tanto normal, onde as personagens principais são Fisco e Jaiko, dois garotos comuns, com interesses comuns para garotos de sua idade, que gostam de imaginar e se divertir criando estórias e vivendo em um mundo de fantasias, mas que estão vivenciando um momento um tanto incomum em suas vidas, tendo seus familiares partido para assistir ao Jogo do Século no estádio da cidade e ainda não terem retornado após dias, assim como muitos outros adultos da cidade.

 

Estes amigos sempre vão à livraria "O Poço e o Pêndulo", a qual seu dono, Dom Pantaleão, é um grande amante dos livros e tem vários escritores e personagens favoritos (daí o nome da livraria, que faz referência à uma obra de Edgar Allan Poe), resumindo, dentro da livraria tem um pequeno cubículo de vidros escuros (que não serve pra nada, aparentemente) que Dom Pantaleão batizou de "O Labirinto das Sereias" (mais uma referência literária) fica melhor explicado nesse trecho do livro:

"...Na estante da parede à direita de quem entrava no local havia uma espécie de guarita ou quartinho minúsculo, onde mal cabiam duas ou três pessoas em pé (se fossem e espremendo-se) fechada por uma porta de vidro fosco. Como não parecia servir para nada imaginável e ninguém nunca entrava lá (o que iria procurar nesse buraco?) intrigava muito Jaiko e Fisco. Dom Pantaleão chamava esse estranho canto de 'O Labirinto das Sereias'"

 

Dom Panta, como chamam os amigos, aconselha os meninos a irem até o estádio e procurar por seus familiares e nesse ponto, quando eles entram no estádio, os meninos descobrem o que de fato está acontecendo, aparentemente todas as pessoas que entram são enfeitiçadas e não conseguem sair por conta própria e aquelas que são mais influenciáveis tem suas almas roubadas, sendo assim, é uma questão de tempo até suas famílias serem devoradas.

 

Fisco e Jaiko então fogem do estádio levando consigo os irmãos Sara e Arno, que também resistiram ao controle mental, tendo a missão de encontrar as oito letras que formarão uma palavra chave que irá abrir as portas do estádio e libertar a todos.

 

E onde mais poderiam procurar por letras se não em uma livraria?

 

E quando chegam à livraria, Dom Panta conta sua estória sobre o pequeno cubículo inútil que se oculta em um canto de sua livraria e o que se fica provado ao ler o livro, é que o "O Labirinto das Sereias" não é um canto inútil e cheio de pó, mas sim uma passagem para dentro do mundo dos livros (literalmente) onde com a ajuda de um vento escarlate que surge do desconhecido, os garotos podem ir para desertos e mares, cavernas e vastas planícies e conhecer e interagir com seus personagens favoritos de diversas obras, sendo alguns destes:  Dom Quixote, Sherlock Holmes e Sinbad.



 

O que mais me fez me apaixonar por esta obra, foi que não é apenas um livro, nem uma única estória, mas várias estórias vivem dentro de suas páginas e assim podemos conhecer e ter pelo menos um pequeno vislumbre de diversos mundos e personagens e cada um trazendo sua visão filosófica sobre a vida, o amor, a morte, a existência... e muito mais.