Qual o maior dilema quando se trata de escolher um nome, para
qualquer coisa que seja?
Bem, acredito que além de ser um nome único, também tem de ser
algo com significado, sendo assim, aproveitando a referência do nome do blog,
venho aqui com a minha primeira resenha literária do livro “O Grande Labirinto”.
“O que é que define o ser humano?
Não são os instintos ou nossa dotação genética, tão semelhantes aos dos outros
animais, mas sim nossa capacidade de decidir e de criar ações que transformam a
realidade... e a nós mesmos. Essa disposição, chamada liberdade, é nossa
condenação e também o fundamento do que consideramos nossa dignidade racional.
Em suas origens gregas, o termo não se referia a nenhuma condição metafísica
oposta ao determinismo natural, apenas designava a situação social de quem não
era escravo e, portanto, podia mover-se ou agir segundo sua vontade, sem
obedecer a um amo: ou seja, que desfrutava da possibilidade de escolher.”
Em “O Grande Labirinto" o autor nos leva para uma premissa
inicial um tanto normal, onde as personagens principais são Fisco e Jaiko, dois
garotos comuns, com interesses comuns para garotos de sua idade, que gostam de
imaginar e se divertir criando estórias e vivendo em um mundo de fantasias, mas
que estão vivenciando um momento um tanto incomum em suas vidas, tendo seus
familiares partido para assistir ao Jogo do Século no estádio da cidade
e ainda não terem retornado após dias, assim como muitos outros adultos da
cidade.
Estes amigos sempre vão à livraria "O Poço e o Pêndulo",
a qual seu dono, Dom Pantaleão, é um grande amante dos livros e tem vários
escritores e personagens favoritos (daí o nome da livraria, que faz referência à
uma obra de Edgar Allan Poe), resumindo, dentro da livraria tem um
pequeno cubículo de vidros escuros (que não serve pra nada, aparentemente)
que Dom Pantaleão batizou de "O Labirinto das Sereias" (mais uma
referência literária) fica melhor explicado nesse trecho do livro:
"...Na estante da parede à direita de quem entrava no local
havia uma espécie de guarita ou quartinho minúsculo, onde mal cabiam duas ou
três pessoas em pé (se fossem e espremendo-se) fechada por uma porta de vidro
fosco. Como não parecia servir para nada imaginável e ninguém nunca entrava lá
(o que iria procurar nesse buraco?) intrigava muito Jaiko e Fisco. Dom
Pantaleão chamava esse estranho canto de 'O Labirinto das Sereias'"
Dom Panta, como chamam os amigos, aconselha os meninos a irem até
o estádio e procurar por seus familiares e nesse ponto, quando eles entram no
estádio, os meninos descobrem o que de fato está acontecendo, aparentemente
todas as pessoas que entram são enfeitiçadas e não conseguem sair por conta
própria e aquelas que são mais influenciáveis tem suas almas roubadas, sendo
assim, é uma questão de tempo até suas famílias serem devoradas.
Fisco e Jaiko então fogem do estádio levando consigo os irmãos
Sara e Arno, que também resistiram ao controle mental, tendo a missão de
encontrar as oito letras que formarão uma palavra chave que irá abrir as portas
do estádio e libertar a todos.
E onde mais poderiam procurar por letras se não em uma livraria?
E quando chegam à livraria, Dom Panta conta sua estória sobre o
pequeno cubículo inútil que se oculta em um canto de sua livraria e o que se
fica provado ao ler o livro, é que o "O Labirinto das Sereias" não é um
canto inútil e cheio de pó, mas sim uma passagem para dentro do mundo dos
livros (literalmente) onde com a ajuda de um vento escarlate que surge do
desconhecido, os garotos podem ir para desertos e mares, cavernas e
vastas planícies e conhecer e interagir com seus personagens
favoritos de diversas obras, sendo alguns destes: Dom Quixote, Sherlock Holmes e Sinbad.
O que mais me fez me apaixonar por esta obra, foi que não é apenas
um livro, nem uma única estória, mas várias estórias vivem dentro de suas
páginas e assim podemos conhecer e ter pelo menos um pequeno vislumbre de
diversos mundos e personagens e cada um trazendo sua visão filosófica sobre a
vida, o amor, a morte, a existência... e muito mais.